segunda-feira, 30 de novembro de 2015

DOR QUE NÃO NASCEU DE MIM, MAS DÓI EM MIM



COSTUMO pensar a vida como o funcionamento das grandes avenidas, onde todos os carros estão em movimentos e essa é a única peculiaridade provável entre estes que circulam por esse local, pois cada um se move em sua velocidade, cada um tem o seu destino, trabalho, escola, passeio etc. Dentro dos veículos é que ocorrem ainda mais a diversidade entre esses que estão em movimento na mesma avenida. As situações podem ou são bastante distintas, pois alguns estão bastante felizes, outros alegres, mas em outro carro bem ali ao seu lado pode ter alguém dirigindo em depressão mais severa ou menos, alguns estão brigando entre eles, outros desesperados, ansiosos, bem intencionados, mal intencionados e teríamos aqui uma vasta lista de prováveis situações de cada pessoa que ocupam os carros em movimento, variáveis inclusive dentre os próprios ocupantes.

ISSO TUDO tomou meus pensamentos enquanto eu me preparava para a aula de Rede ministerial e lia sobre a interdependência. Vi Paulo lembrando isso aos Romanos de que “somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros”. Lembrei-me numa troca de palavras com minha amiga de oração, quando ela me disse que as dores do mundo estavam fazendo com que ela procurasse o silêncio. Essa altura da conversa se deu quando trocávamos informações sobre as pessoas queridas que nos deixaram desde sexta 21 de novembro e entramos a semana com mais perdas, além das muitas que estão enfrentando duras enfermidades, outras não tão duras do ponto de vista e nosso alcance social, mas que doe e impõe suas limitações também.

RESPONDI A essa minha amiga, que eu também havia encontrado esse lugar, o do silencio. Não o silencio proposital aquele quando as intenções é ferir ao próximo, desconsiderando a dor que pode estar nele, mas sim o silencio tão bem compreendido pelos Salmistas que alcançam o mais profundo da alma quando se expressam; “Com o silêncio fiquei mudo; calava-me mesmo acerca do bem, e a minha dor se agravou.
Esquentou-se-me o coração dentro de mim; enquanto eu meditava se acendeu um fogo; então falei com a minha língua:
Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil. (Salmos 39-2,3.4).

E ASSIM poder reconhecer essa interdependência, o crer que é parte de um corpo de alguém capaz de se tornar homem, sendo o próprio Deus, só assim para entender a dor como é sentida quando dói no outro.
Eleni Nalon.
Psicóloga Clínica.

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