terça-feira, 28 de janeiro de 2014

EU SOU IRMÃ


 

“Ser irmão é ser o que? Uma presença a decifrar mais tarde, com saudade? Com saudade de que? De uma pueril vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre?”

“Cada irmão é diferente. Sozinho acoplado a outros sozinhos”.

                      (Carlos Drummond de Andrade)

Nessa semana pude participar de forma diferente da experiência de duas pessoas com idades bem maduras, que vivenciaram a partida de irmãos.

Uma delas pelo telefone compartilhou comigo o sentimento desse momento diante da dor da separação da morte física, poder lembrar as ótimas recordações de infância com sua irmã que, mora longe de onde está sendo o corpo velado.

 Sentimentos distintos esse da separação, entre a morte e o viver geograficamente distante.

Pensei então que a distância que une os irmãos é a distância imensurável, tão bem escrita pelo Poeta acima citado “são seis ou são seiscentas distância que se cruzam, se dilatam no gesto, no calor, no pensamento? A casa é a mesma é igual, vista por olhos diferentes?”.

Na hora da despedida o irmão da infância toma um lugar especial, pois para a vida adulta é natural que cada um tome seu caminho e amadureça e conquiste a vida conforme suas possibilidades idiossincráticas.

Ser irmão é poder nunca perder o vínculo gostoso estabelecido na infância, porém como adultos, ser capaz em perceber, como escreve tão bem o Poeta, que “são estranhos próximos, atentos À área de domínio, indevassáveis”, com direito a “guardar o seu segredo, sua alma, seus objetos de toalete”.

Um beijo para meus irmãos com gostinho de infância, Eunice, Élide, Eucleia, Edvar, Edson, Ednéia e Edilene.

 

Eleni Nalon

(Psicóloga Clínica)