Recentemente perdemos um
amigo em Garça, Edemir, jovem ainda, quarenta e quatro anos. Essa amizade
nasceu vinculada a trabalho, aproximadamente há vinte anos.
Nessa caminhada, ele como
excelente pessoa e também muito profissional na execução de suas atividades,
foi ocorrendo um estreitamento, uma reciprocidade, que foi se solidificando,
firmada na confiança, honestidade e respeito.
Nunca havíamos parado para
pensar nisso tudo, enquanto ele estava vivo, pois a própria dinâmica da amizade
se encarregava em fazê-lo.
No dia que recebemos a
notícia de seu falecimento, faltavam algumas horas apenas para viajarmos para
Garça, e meu marido, comentava comigo, que estava com um grande aperto
no peito, pois Edemir era uma pessoa que ele imaginava ser na velhice aquele
amigo de boa conversa, “boa prosa” como dizem os mais velhos. Um amigo que
quero por perto na velhice!
Quando as pessoas atingem certa
maturidade, passam a perceber que não serão muitos amigos que terão para juntos
recordar e contar suas histórias, pois reside em todo ser humano, uma
complexidade de sentimentos, que necessita de cuidados pessoais, para que se possa avançar pela vida,
almejando dias prazerosos, independente dos percalços que possam surgir
.
Talvez seja pouco provável,
que alguém tenha passado ou passe por essa vida, sem ter se decepcionado ou
decepcionado alguém que era amigo.
A decepção é diferente das
diferenças saudáveis, que são consideradas entre amigos, pois a decepção leva
ao afastamento chegando até o extremo do rompimento.
É bem verdade que a decepção
tem suas variáveis, pois tanto pode ocorrer por residir nela, um desejo pessoal
de que o vínculo da amizade se baseie em ver no outro tudo aquilo que eu gosto
e acredito, isto é, as minhas expectativas sendo supridas na outra pessoa,
tendo assim os dias dessa amizade contados, até o momento onde sobre aquele a
expectativa era lançada, não atender mais essa necessidade; como também a
decepção pode chegar através de situações que se julgavam inesperadas, como uma
traição, mentiras inteiras ou meias verdades, que são fatais para desmoronar
qualquer vinculo de credibilidade.
Mas amizade que está sendo
descrita aqui, é a amizade que se leva para a velhice.
Essa que se constrói do
nada, porém, firmada na pura sinceridade, sem expectativas pessoais, sem
exigências, sem amarrações, respeitando os limites de cada um e sem esperar que
alguém supra a carência que são uma das grandes destruidoras dos vários tipos
de relacionamentos, até casamentos.
A amizade que se leva para a
velhice é a que chegará junto, independente de COMO, nas adversidades da vida.
Amizade para bater papo na
velhice é aquela que durante a vida toda, vai se estabelecendo sem cobranças,
sem ciúmes de outros amigos, nunca com meias verdades, sem subestimar a
capacidade de reflexão do outro, porém, procurando manter intacto o direito da
intimidade de cada um, enfim, sem nunca faltar os alimentos necessários para
que se mantenha viva.
Todos são atuantes e
protagonistas dessa história que vai sendo escrita, e que pode ser interrompida
a qualquer momento pela morte, mas que deve continuar sendo bem escrita, sendo
levada até a velhice, PARA e COM uma boa prosa!
Eu amo meus amigos, já
marquei um encontro com eles na velhice.
Espero-te lá!
Nenhum comentário:
Postar um comentário